Muitos autores têm dúvidas quanto à escolha do tempo verbal apropriado durante a elaboração de um artigo científico. Em alguns casos, a escolha correta do tempo é relativamente simples. Em muitos casos, contudo, há diversas opções e a escolha “correta” é simplesmente uma questão de convenção. Qual tempo verbal você deve escolher e em quais casos específicos?
Primeiramente, algumas informações gerais sobre os tempos verbais discutidos abaixo. Em termos gerais, o tempo de um verbo reflete o momento em que a ação é realizada:
- O tempo passado indica que uma ação já ocorreu
- O tempo presente indica que a ação está ocorrendo
- O tempo futuro indica que o evento ainda não ocorreu
Os verbos também podem ser conjugados nos tempos passado perfeito, presente perfeito, ou futuro perfeito, nos quais a ação é definida em relação a outro ponto temporal (veja exemplos abaixo).
Título
FPara muitas revistas, não é necessário que o título do artigo apresente uma sentença completa, não havendo exigência de verbos. Nos casos em que uma sentença completa mostra-se apropriada, use a forma verbal simples do presente para indicar a conclusão à qual você chegou (por exemplo, “Gene X is required for intestinal cell differentiation” ou “Frameshift mutations in gene X cause abnormal notochord development in zebrafish”).
Introdução
A introdução geralmente apresenta diversos tempos verbais, cada um dando um contexto diferente às informações sendo descritas. Primeiramente, ao declarar um fato amplamente aceito, o tempo presente é o mais apropriado. Exemplos de tais declarações incluem “DNA is composed of four nucleotides” ou “trypanosomes exhibit global trans-splicing of RNA transcripts.” A utilização do presente indica que a declaração reflete o atual entendimento sobre o assunto abordado.
A maioria das introduções também inclui referências a pesquisas anteriores. Ao fazer referência a um estudo anterior cujos resultados ainda são relevantes, utilize o presente perfeito (uma forma do verbo ‘have' mais um particípio passado, como em “have shown” ou “has been shown”). Esse tempo verbal demonstra que a ação ocorreu no passado, mas ainda aplica-se no presente. Frases como “Johnson et al. have shown that gene X is part of an operon” ou “unusual glycosylation events have been observed in these cells” são adequadas porque a pesquisa ou observação foi feita no passado, mas seus resultados ainda são válidos. Esse tempo verbal também é utilizado quando o evento teve início no passado, mas continua a ocorrer no presente (“patients with XYZ syndrome have been surveyed for the past ten years").
Observe que o presente é utilizado quando um resultado, gráfico ou artigo específico é o sujeito de uma sentença. Como filmes ou livros, a pesquisa publicada continua disponível para consulta pelos leitores e, dessa forma, continua a expressar sua conclusão. Exemplos de declarações sobre pesquisas anteriores utilizando o tempo verbal presente incluem “the results of their study indicate that the drug is highly effective” ou “a landmark paper from Smith's lab describes the discovery of this new organelle.”
Em certas partes da introdução, é necessário utilizar o tempo verbal passado. Ao fazer referência a métodos específicos utilizados em um artigo anterior, o tempo passado é o mais adequado. Por exemplo, é correto afirmar “Smith and Anderson sampled 96 swamps and found 156 distinct dragonfly species” ou “gene X was first cloned into a shuttle vector in 2003.” Do mesmo modo, declarações que não são mais consideradas corretas devem ser feitas no tempo passado: como “bacteria were believed to lack introns” ou “early physicists thought that electrons traveled in defined orbits.” Às vezes, uma combinação de tempos verbais é necessária: “Robert Corey suggested [passado] that DNA contained three helices, but subsequent work has proved [presente perfeito] the existence of a double-helix structure.”
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